Murais de Antonieta e Cascaes voltam a colorir o Centro de Florianópolis

Painéis históricos no Edifício Atlas ganham nova versão, reafirmando a memória e a arte urbana em Florianópolis.

Os icônicos murais de Antonieta de Barros e Franklin Cascaes, símbolos da cultura e da história de Florianópolis, estão de volta à paisagem urbana da cidade. As obras, que por anos ocuparam as empenas do Edifício Atlas, na Rua Tenente Silveira, Centro, estão sendo recriadas após terem sido removidas devido a reformas estruturais no prédio. O mural da Antonieta de Barros foi concluído no dia 8 de maio e já pode ser admirado e registrado.

A nova versão dos painéis, assinada pelos artistas Thiago Valdi e Monique Cavalcanti (Gugie), vai além da restauração. Com proposta estética e simbólica ampliada, os murais incorporam elementos inéditos que reforçam o legado da educadora e política Antonieta de Barros — primeira mulher negra eleita no Brasil — e do pesquisador e folclorista Franklin Cascaes.

Monique Cavalcanti (Gugie), responsável pelo novo mural de Antonieta de Barros. Fotos: Beatriz Maciesk / Divulgação

“As imagens voltam com novas camadas de significados, cores e histórias, reafirmando o poder da arte urbana como ferramenta de memória, educação e transformação social”, explica Valdi. Com 34 metros de altura cada, os murais demandam mais de 300 litros de tinta e mobilizam cerca de 20 profissionais na produção, totalizando cerca de 200 horas de trabalho. A conclusão está prevista para este mês de maio.

Além de revitalizar o espaço público, os painéis recuperam um marco da arte urbana de Florianópolis. Foram os primeiros de grande porte na capital e permanecem únicos no Sul do Brasil a ocupar uma mesma estrutura com duas grandes obras simultâneas — uma em cada lateral do edifício.

A recriação conta com patrocínio do Sicoob SC/RS e apoio da Resicolor Tintas, Colorgin Arte Urbana, Construtora Engenho e Instituto Maratona Cultural.

Quem foi Antonieta de Barros

Antonieta de Barros (1901-1952), nascida em Florianópolis, foi uma pioneira na política e na educação brasileira, destacando-se como a primeira mulher e primeira negra eleita deputada estadual no Brasil, em 1934.

Filha de uma ex-escrava, superou as adversidades da origem humilde para se formar professora e fundar, em 1922, o Curso Particular Antonieta de Barros, dedicado à alfabetização da população carente. Jornalista engajada, criou e dirigiu o jornal A Semana, onde defendeu a educação inclusiva, a cultura negra e a emancipação feminina — causas que marcaram sua trajetória política e intelectual.

Seu legado é perpetuado por homenagens como a Medalha Antonieta de Barros, concedida pela Assembleia Legislativa de Santa Catarina, e obras de arte pública em Florianópolis.

Fotos: Allan Carvalho/Divulgação PMF

Quem foi Franklin Cascaes

Franklin Joaquim Cascaes (1908–1983) foi um artista e pesquisador fundamental para a preservação da cultura popular de Florianópolis.

Ao longo de mais de 40 anos, percorreu a Ilha de Santa Catarina registrando costumes, lendas e tradições dos moradores locais, resultando na maior obra sobre o folclore manezinho, especialmente as histórias de bruxas e seres mitológicos.

Conhecido como o “Bruxo da Ilha”, produziu um vasto acervo com cerca de 2.700 peças, hoje preservado no MArquE/UFSC. Seu legado é homenageado pela Fundação Franklin Cascaes e por diversas manifestações culturais na cidade.

Foto: Allan Carvalho / Divulgação PMF

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