Você pode levar fotos incríveis das praias e das trilhas e do nosso maior cartão postal, a quase centenária Ponte Hercílio Luz. Mas também não pode deixar de ter registros tendo como cenário algum ou todos exemplos da arquitetura histórica de Florianópolis. A cidade preserva em sua paisagem urbana importantes testemunhos de sua formação histórica e cultural e isso está entre os passeios que não podem faltar na lista sobre o que fazer quando se está na cidade.
Desde os primeiros povoados portugueses, especialmente os açorianos, até os períodos de expansão urbana nos séculos XIX e XX, a arquitetura da capital catarinense reflete a diversidade de influências que moldaram sua identidade. A seguir, um panorama dos principais estilos arquitetônicos presentes na cidade e seus exemplares mais representativos. Leia e monte seu roteiro para fazer em Floripa.
Arquitetura colonial portuguesa
A arquitetura colonial portuguesa constitui a base da formação urbana de Florianópolis. Predominante entre os séculos XVII e XVIII, está fortemente associada à presença açoriana na ilha. As construções caracterizam-se por simplicidade, fachadas em tons claros, janelas e portas coloridas, telhados de duas águas e uso de materiais locais, como pedra e madeira.

O Ribeirão da Ilha é um dos redutos mais autênticos desse estilo. Com ocupação datada do século XVIII, o bairro conserva as técnicas construtivas dos primeiros colonizadores açorianos e a organização espacial típica das vilas lusitanas. As casas foram edificadas com materiais simples e resistentes: pedra, cal, madeira e óleo de baleia — este último utilizado como impermeabilizante. As fachadas apresentam cores suaves, como azul, verde, amarelo e rosa, com portas e janelas de madeira pintadas em tons contrastantes.
O traçado urbano mantém a disposição original, com a igreja matriz de Nossa Senhora da Lapa no alto, voltada para uma praça central, em torno da qual se alinham os casarios geminados. Originalmente, as casas foram construídas com as fachadas voltadas para a rua principal e os fundos voltados para o mar, utilizado como ponto de descarte de resíduos domésticos. Atualmente, o mar integra a paisagem admirada por visitantes e moradores. O conjunto arquitetônico do Ribeirão está protegido por legislação municipal, preservando a herança cultural da região.
Mais do que um bairro, o Ribeirão da Ilha é um museu a céu aberto, onde a arquitetura, a gastronomia típica e o modo de vida tradicional se fundem em uma experiência cultural única.
Arquitetura eclética
Entre o final do século XIX e o início do século XX, Florianópolis incorporou elementos da arquitetura eclética, que mistura influências neoclássicas, barrocas e renascentistas. Esse estilo manifesta-se principalmente em edifícios públicos e comerciais do centro da cidade.
Destacam-se nessa fase o Palácio Cruz e Sousa, sede do Museu Histórico de Santa Catarina, com seus ornamentos e fachada imponente, e o Mercado Público, importante polo gastronômico e cultural da capital.

Arquitetura militar portuguesa
A função estratégica de Florianópolis no litoral brasileiro refletiu-se em sua arquitetura militar, com fortificações construídas entre os séculos XVIII e XIX para proteger a ilha de invasões estrangeiras. Esses conjuntos representam a engenharia militar portuguesa no Brasil, e, além do valor histórico, integram o roteiro turístico e cultural da cidade.

Entre os principais exemplos estão:
- Fortaleza de São José da Ponta Grossa
- Fortaleza de Santo Antônio de Ratones
- Forte Santana
- Fortaleza de Santa Cruz de Anhatomirim
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Arquitetura moderna
A partir da segunda metade do século XX, Florianópolis passou a adotar as diretrizes da arquitetura moderna, caracterizada por linhas retas, uso de concreto armado, amplos panos de vidro e ênfase na funcionalidade. Esse estilo se manifesta em diversos edifícios públicos e comerciais que marcaram a transição da cidade para a contemporaneidade.
Entre os exemplos mais emblemáticos estão o Ceisa Center, inaugurado em 1978, cuja arquitetura brutalista e formato em “S” o tornam um ícone no coração do Centro da cidade. O edifício abriga centenas de salas comerciais e lojas, movimentando diariamente milhares de pessoas.
Outro destaque é o Centro Comercial Aderbal Ramos da Silva (ARS), localizado na Rua Felipe Schmidt. Com 12 andares, o ARS oferece uma ampla variedade de lojas e serviços, sendo um ponto de referência no comércio local e um exemplo da arquitetura funcionalista voltada à vida urbana.
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Casarões históricos tombados
A preservação do patrimônio arquitetônico de Florianópolis é assegurada por órgãos como o IPHAN e a Fundação Catarinense de Cultura (FCC), que mantêm tombados diversos imóveis de relevância histórica. Entre eles:
Museu Victor Meirelles
Instalado na casa onde nasceu o pintor Victor Meirelles de Lima, um dos principais nomes do Romantismo brasileiro, o sobrado luso-brasileiro do século XIX possui térreo com funções comerciais e andar superior residencial. Tombado pelo IPHAN em 1950, o espaço funciona como museu desde 1952. Em 2019, foi ampliado, integrando um anexo e ampliando sua área para 740 m².

Antiga Alfândega de Florianópolis
Construída em 1874, após a destruição do prédio anterior, a antiga alfândega foi inaugurada em 1876 com estilo neoclássico. Com dois andares e 1.300 m², funcionou até 1964. Hoje abriga a Casa da Alfândega, espaço de exposição e venda de artesanato local.

Casarão e Engenho dos Andrades
Construído em 1860, o conjunto no bairro Santo Antônio de Lisboa reúne residência e engenho de farinha. A propriedade pertenceu a Agenor José de Andrade e operou até 1985. Hoje, o local funciona como espaço cultural e educativo, promovendo a cultura açoriana.

Fundação Cultural BADESC
Instalada em um casarão da década de 1920, antigo imóvel da família de Nereu Ramos, a Fundação Cultural BADESC ocupa um espaço de 410 m² com exposições de arte contemporânea e programação cultural ativa. O imóvel combina estilo eclético com elementos do art déco.

Rua Conselheiro Mafra: um corredor histórico no coração da capital
No centro de Florianópolis, a Rua Conselheiro Mafra é uma das vias mais emblemáticas da cidade, tanto pela sua importância histórica quanto pela concentração de arquitetura eclética e colonial. Seu nome homenageia Manuel da Silva Mafra, político catarinense do século XIX, mas a rua já teve outros nomes: rua do Príncipe, rua do Comércio e rua Augusta.
Desde o século XIX, a Conselheiro Mafra foi um eixo central de comércio e moradia, com sobrados que abrigaram residências e estabelecimentos que moldaram o centro urbano. A arquitetura da via exibe fachadas em tons pastéis, adornos em relevo, sacadas com gradis de ferro forjado e detalhes cerâmicos. Estilos como o neoclássico e o Art Déco são visíveis nas janelas ornamentadas e nas portas de madeira trabalhada.
Esse conjunto forma o maior acervo arquitetônico tombado do centro da cidade. Passear por essa rua é como caminhar por diferentes épocas. Cada edifício conta uma parte da história urbana de Florianópolis, reforçando seu valor cultural e turístico.

Florianópolis é, portanto, uma cidade onde a arquitetura não apenas embeleza o espaço urbano, mas narra, em cada parede, praça e beiral, a rica história de sua formação cultural. E que rendem registros fotográficos em múltiplas cores e estilos para suas redes sociais e, principalmente, sua bagagem de lembranças sobre a cidade.
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Crédito de foto em destaque: Daniel Vianna / Divulgação MTur