As freguesias de Santo Antônio de Lisboa, Lagoa da Conceição e Ribeirão da Ilha, em Florianópolis, acabam de ser oficialmente reconhecidas como patrimônio cultural brasileiro. O tombamento foi aprovado por unanimidade na 107ª reunião do Conselho Consultivo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), realizada na quarta-feira (26).
O reconhecimento abrange os núcleos urbanos formados durante o período colonial, que mantêm até hoje traçados originais marcados por igrejas centrais, praças públicas e arquitetura tradicional, além de expressões culturais imateriais como as festas do Divino Espírito Santo, a renda de bilro, a pesca artesanal e a culinária típica da região. “As freguesias são espaços de memória viva, onde se mantêm vivas práticas culturais, sociais e religiosas ligadas à colonização açoriana”, destacou o arquiteto-urbanista Leonardo Castriota, relator do processo de tombamento.
A medida garante a inscrição das freguesias nos livros do Tombo Histórico e do Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico, e abre caminho para investimentos em restauração, educação patrimonial e turismo cultural.
Tradições preservadas na capital catarinense
Instituída em 1750, Santo Antônio de Lisboa foi uma das primeiras freguesias de Santa Catarina. Com forte ligação ao comércio marítimo, é hoje um dos principais destinos gastronômicos e culturais da cidade, combinando casario açoriano, igrejas coloniais e tradição viva.
Na região central da ilha, a Lagoa da Conceição guarda a memória da antiga Freguesia de Nossa Senhora da Conceição da Lagoa. Fundada oficialmente em 1750, recebeu os primeiros imigrantes açorianos em 1748, sendo até hoje uma das regiões mais vibrantes de Florianópolis.
Já o Ribeirão da Ilha (foto), fundado em 1809, preserva o traçado urbano colonial e destaca-se pela forte identidade cultural, onde a vida comunitária ainda gira em torno da igreja matriz, da pesca de subsistência e da produção de ostras — orgulho da gastronomia local.
Além de valorizar a história da capital, o tombamento consolida a importância do patrimônio imaterial e da paisagem cultural, que une o ambiente natural — como morros, baías e lagunas — à ocupação humana tradicional.
Por fim, também foi reconhecida como patrimônio a Freguesia da Enseada de Brito, no município vizinho de Palhoça, que compartilha com as demais o legado da colonização açoriana e a preservação de elementos históricos e culturais de valor inestimável para Santa Catarina e o Brasil.
Crédito de foto: Daniel Vianna / Divulgação MTur