Às margens da Lagoa do Peri, no sul da Ilha de Santa Catarina, o Projeto Lontra se consolidou como referência nacional em turismo de conservação. Criado em 1986 pelo Instituto Ekko Brasil, o centro desenvolve ações voltadas à pesquisa científica, educação ambiental, mobilização social e à preservação da Lontra longicaudis, espécie ameaçada e protegida por convenções internacionais como a CITES e a USESA.
Integrado a uma das maiores áreas protegidas de Mata Atlântica em Florianópolis, o projeto oferece visitas guiadas ao público, funcionando como espaço educativo e atrativo turístico. Além da observação de animais, o local proporciona aprendizado sobre conservação e a importância ecológica dessa espécie, que desempenha papel fundamental como topo de cadeia trófica em ambientes aquáticos.

Projeto Lontra como um santuário de conservação
O Projeto Lontra atua também como centro de reabilitação para animais vítimas de maus-tratos, tráfico ou impactos ambientais. Além das lontras, abriga outros mustelídeos, como ariranhas e furões. A estrutura conta com recintos adaptados, áreas de manejo, laboratórios e espaço para visitantes.
A preservação da lontra vai além de seu valor ecológico. A espécie também representa potencial para o turismo de base comunitária, envolvendo comunidades locais e estimulando a economia sustentável por meio da educação e conscientização ambiental.
A Lontra longicaudis está listada como “quase ameaçada” no Brasil e “vulnerável” globalmente, segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN). Em países vizinhos, como a Argentina, a classificação é “em perigo”.
A perda de habitat, a poluição dos rios e o tráfico de animais silvestres estão entre os principais fatores de ameaça. O projeto visa não apenas proteger indivíduos, mas também restaurar populações viáveis na natureza e alertar sobre os riscos da perda de biodiversidade.

Soltura de filhotes marca avanço histórico
Em junho de 2025, o projeto registrou um marco inédito: a soltura dos primeiros filhotes criados em cativeiro na Lagoa do Peri. Os dois filhotes — um macho e uma fêmea — são filhos da lontra Nanã, resgatada ainda filhote em 2016 após ser encontrada sob a Ponte Hercílio Luz tentando amamentar no corpo da mãe, que morreu por agressões humanas.
Após oito meses de cuidados, os filhotes foram reintroduzidos à natureza com acompanhamento técnico. Já foram identificadas sete tocas ocupadas por eles, e o monitoramento é feito por meio de armadilhas fotográficas, análise de fezes e vestígios, e observações de campo. A ação marca o início de um ciclo de reintrodução de lontras na região.

Visitação: natureza, educação e conservação
Aberto ao público, o Projeto Lontra é uma das poucas oportunidades no Brasil de ver de perto uma lontra-neotropical em um ambiente controlado e educativo. As visitas ocorrem de terça a sábado, nos horários de 8h às 10h e 16h às 18h – períodos em que os animais estão mais ativos.
O passeio inclui observação dos animais em sessões de alimentação, apresentação do trabalho de conservação e uma breve trilha interpretativa às margens da Lagoa do Peri. Os ingressos custam R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia), sem necessidade de agendamento prévio para visitantes individuais. Grupos escolares e técnicos devem agendar previamente pelo e-mail educacaoambiental@ekkobrasil.org.br.

Dicas e recomendações:
- Leve roupa e calçado confortáveis – boa parte do percurso é em trilhas levemente íngremes.
- Use repelente, chapéu/boné e protetor solar.
- Respeite as regras do passeio – silêncio e distância mínima para não estressar os animais.
- Finalize a visita com um mergulho leve ou caminhada pelas trilhas da Lagoa do Peri.
Serviço
Projeto Lontra – Instituto Ekko Brasil
Endereço: Servidão Euclides João Alves, Lagoa do Peri
Visitação: Terça a sábado, das 8h às 10h e das 16h às 18h
Ingressos: R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia)

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