Migração para Florianópolis em alta

Veja os dados do Censo 2022 e por que morar em Floripa atrai mais brasileiros em busca de qualidade de vida e novas oportunidades de negócios e carreira.

O Brasil passa por uma transformação silenciosa, mas significativa em seus fluxos migratórios internos. Pela primeira vez desde 1991, o Sudeste – historicamente a principal região de destino da população migrante – apresentou saldo migratório negativo. Ao mesmo tempo, o Sul do país registrou o maior ganho populacional líquido entre todas as regiões brasileiras. Os dados são do Censo Demográfico 2022, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados no último dia 27 de junho.

O destaque absoluto desse movimento é Santa Catarina, que liderou o ranking nacional com o maior saldo migratório do país: +354.350 pessoas entre 2017 e 2022. Isso representa um aumento populacional equivalente a 4,66% da população total do estado, também a maior taxa líquida de migração entre as unidades da federação. O dado marca uma inflexão histórica: até o Censo de 2010, São Paulo sempre liderava esse indicador desde sua introdução em 1991. Em 2022, a maior economia do país teve, pela primeira vez, um saldo negativo de migração: –89.578 pessoas.

Por que Santa Catarina atrai?

O crescimento migratório no estado é explicado por múltiplos fatores. A expansão do agronegócio, da construção civil e de polos tecnológicos tem movimentado a economia em regiões urbanas e interioranas. No caso de Florianópolis, tem sido ainda mais evidente a força da cidade como polo inovação, como apontado recentemente o Global Startup Ecosystem Report – referência mundial em ecossistemas de inovação – que destaca que o setor de tecnologia já representa cerca de 25% do Produto Interno Bruto (PIB) local, colocando a capital catarinense na liderança entre as capitais brasileiras nesse quesito.

A cidade oferece uma combinação rara de fatores: infraestrutura urbana qualificada, natureza preservada, economia diversificada, segurança relativa e um ambiente criativo e colaborativo. Esse conjunto de atributos, reforçado pelos dados do Censo, posiciona Florianópolis como um dos principais destinos de turismo e também de migração do Brasil para quem deseja viver, empreender ou envelhecer com qualidade.

Esse perfil urbano mais equilibrado e conectado explica por que a cidade passou a atrair nômades digitais, famílias em busca de qualidade de vida e aposentados, consolidando sua imagem de cidade acolhedora, dinâmica e inovadora.

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Florianópolis na linha de frente desse movimento

Capital de Santa Catarina, Florianópolis desponta como uma das principais cidades receptoras desse novo ciclo migratório brasileiro. Entre 2017 e 2022, mais de 84 mil pessoas se mudaram para a cidade, o que equivale a 15,7% da população total do município. A cidade também se destaca por ter 39,1% de seus moradores naturais de outros estados — índice significativamente superior à média estadual, que é de 24,4%.

Entre os migrantes que chegam a Florianópolis, destacam-se majoritariamente os oriundos do Sul e Sudeste. Dados do IBGE indicam que os gaúchos representam 15,74% da população da capital, configurando o principal grupo migrante interestadual. Em seguida, aparecem os paulistas (6,26%) e os paranaenses (4,93%), confirmando a vocação da cidade como polo de atração regional. Esses percentuais reforçam a tendência de deslocamento para centros urbanos de médio porte que oferecem maior equilíbrio entre qualidade de vida, oportunidades econômicas e infraestrutura urbana.

A capital catarinense não atrai apenas brasileiros. O número de imigrantes internacionais que escolheram Florianópolis dobrou em 12 anos, passando de 1,1% em 2010 para 2,09% da população em 2022. O grupo é formado, majoritariamente, por venezuelanos (29,2% dos estrangeiros), seguidos por argentinos, dominicanos, estadunidenses e portugueses.

migração para Florianópolis
Foto: Allan Carvalho / Divulgação PMF

Salto demográfico no Sul e recuo no Sudeste

Além de Santa Catarina, outros estados com saldos migratórios positivos expressivos são:

  • Goiás: +186.827 (2,65%)
  • Mato Grosso: +103.938 (2,84%)
  • Minas Gerais: +106.499 (0,52%)

No outro extremo, o Rio de Janeiro registrou o pior desempenho do país, com saldo migratório de –165.360 pessoas, afetado por crises econômicas, violência urbana e queda da atividade industrial. O Distrito Federal também apresentou saldo negativo elevado (–99.593), com grande parte dos migrantes se dirigindo ao estado vizinho de Goiás. São Paulo, embora ainda seja o principal centro migratório em volume absoluto, sofreu sua primeira perda líquida de população para outros estados.

Esses números revelam o início de uma reconfiguração na dinâmica populacional brasileira, com crescimento de cidades médias, interiorização de oportunidades e preferência por regiões com maior qualidade de vida e menos concentração urbana.

Migração entre estados e regiões

Migração entre estados

  • 29 milhões de pessoas residem em estados diferentes de onde nasceram.
  • São Paulo tem o maior número de não naturais: 8,6 milhões.
  • 2,9 milhões de paulistas vivem em outros estados.
  • Bahia e Minas Gerais lideram em perda histórica de naturais:
    • Bahia: 3,4 milhões
    • Minas Gerais: 3,5 milhões

Migração por data fixa (últimos 5 anos – 2017 a 2022)

  • 3 milhões de pessoas mudaram de região no período.
  • Esse tipo de migração é medido pelo local de residência atual vs. há 5 anos.

Os dados completos do Censo 2022 estão no site do IBGE.

Leia também: 

Global Startup Ecosystem Report
Foto: Eduardo Valente / Divulgação SECOM

 

 

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