A encenação do espetáculo músico-teatral A Terceira Margem do Rio: a de Dentro, com adaptação, direção, interpretação e sonoplastia do músico-ator Renato Pinheiro, direção musical de Rian Fernandes, e com o impecável figurino criado pela artista e ambientalista Nara Guichon, tem, por intuito, cultivar a brasilidade em sua essência.
Nesse sentido, utilizando o texto original, permeado por uma plural experimentação sonoro-corporal, este empreendimento cênico–literário busca destacar traços característicos da identidade do povo brasileiro, percebendo–o como um povo novo, no dizer de Darcy Ribeiro, ainda jovem, formado a partir de matrizes culturais diversas e arcaicas.
A opção por adaptar para a cena a obra de João Guimarães Rosa deve–se à compreensão que se tem de que, redimensionando o regionalismo mineiro e exaltando a cultura popular, através de linguagem única e modo de narrar singular, o sur–regionalista, ou suprarregionalista, como bem colocou o crítico Antonio Candido, recompôs, em narrativa ficcional, realidades locais, alcançando, no entanto, a transcendência da universalidade.
A cenografia investiga a ideia de multiplicidade de perspectivas. Assim, o público estará posicionado, por convenção, em meio ao rio, tendo o palco como uma de suas margens.
Sinopse
Baseado na obra de João Guimarães Rosa, o consagrado espetáculo teatral encena a estória de um homem que, desde criança, lamenta a abrupta partida de seu pai.
Aberta a múltiplas interpretações, a montagem cênico-literária possui como tema maior o cuidado com as nossas relações, com o próximo, trazendo à tona valores familiares, o amor, a loucura e a solidão de um filho, uma vida inteira, à beira de um rio.