“Manezinho da Ilha” é o apelido carinhoso dado ao cidadão nativo de Florianópolis desde a vinda dos colonizadores portugueses por volta de 1700. O termo, que o tenista Gustavo “Guga” Kuerten projetou para o mundo a partir de seu primeiro título em Rolland Garros (em 1997 – foto), valoriza a imagem dos antigos moradores, inicialmente caracterizava um estado da alma dos nativos das regiões interioranas e vila pesqueira da Ilha de Santa Catarina.
Diz-se que o apelido surgiu do diminutivo do nome comum português, Manoel. Com o tempo transformando-se em Manoelzinho e derivando para o famoso Manezinho. O nativo fala e vive o estado de ser “manezês” e conjuga as palavras do dia a dia no pretérito perfeito como: “Tu visse?, “Não sou soubesse?”, por exemplo. Há também outras variações sem explicação, como o famoso “tem, não tem?”, entre outras palavras que só um local pode decifrar. O falar rápido de forma cantada e com pronúncia peculiar marca a força das raízes do viver ilhéu.
O que para muitos de fora ser mané é uma ofensa, para os moradores da Ilha é símbolo de força e amor-próprio. Inicialmente o título era apenas um privilégio para poucos, mas rapidamente caiu nas graças dos cidadãos locais ganhando um dia especial, o primeiro sábado do mês de junho, para marcar o orgulho e o sentimento de ser ilhéu.
Apelido virou troféu
Antigamente chamar alguém de mané era um grave xingamento. Isso mudou a partir dos anos 80, quando houve um movimento para mudar a forma pejorativa como os habitantes locais eram vistos pelos novos moradores, que chegavam em número cada vez maior.
Uma das faces mais visíveis desse resgate da cultura, do orgulho e do sentimento ilhéu, foi a criação do Troféu Manezinho da Ilha, pelo jornalista Aldírio Simões, em 1987. A premiação era entregue para pessoas nascidas, ou não, em Florianópolis, que se identificavam com o autêntico jeito de ser do manezinho: simples, gozador, ligado à cultura e coisas da cidade.

Aldírio definiu bem o perfil e o que é o Troféu Manezinho da Ilha, no prefácio escrito para o livro “Somos Todos Manezinhos de Chico Amante (Francisco Hegídio Amante): “Na verdade, o troféu Manezinho da Ilha, não tem a pretensão de resgatar a cultura açoriana; se assim fosse, seria recomendável premiar milhares de moradores das comunidades praieiras; mas, sim, homenagear pessoas identificadas com o cotidiano da cidade, com elevado espírito ilhéu, com sentimento de orgulho por Florianópolis”.
A partir de então, o termo manezinho ou mané, passou a ser uma distinção. Em 2005 foi criado o Dia do Manezinho, através de Lei Municipal, comemorado no primeiro sábado do mês de junho; bem como foi instituída, em 2006, a Medalha Manezinho da Ilha Aldírio Simões, concedida pela Câmara de Vereadores.