Visitar a Catedral Metropolitana é um programa obrigatório em qualquer roteiro de passeio por Floripa. Mas agora, os visitantes têm mais um motivo para entrar e apreciar uma grande novidade: as pinturas sacras centenárias que voltaram à luz após décadas escondidas sob camadas de tinta branca.
A restauração da Catedral Metropolitana de Florianópolis, concluída em setembro de 2025, revelou um verdadeiro tesouro da arte religiosa catarinense. Durante o trabalho minucioso, conduzido pela restauradora e arquiteta Márcia Regina Escorteganha, vieram à tona quatro pinturas de santas – Santa Bárbara, Santa Inês, Santa Margarida Maria Alacoque e Santa Catarina de Alexandria – além de um medalhão renascentista atribuído a um artista florentino do século XVI.
Essas obras, datadas de 1938 e 1939, estavam ocultas há mais de um século no arco-cruzeiro da igreja, a estrutura que separa a nave do altar. Segundo pesquisas históricas, as imagens foram encomendadas pelo arcebispo Dom Joaquim Domingues de Oliveira, o primeiro da capital, e refletem as suas devoções pessoais. Uma delas, a representação de Santa Catarina, foi inspirada em uma pintura do mestre renascentista Rafael Sânzio, de 1509.
O processo de restauro levou 40 dias de trabalho intensivo, realizado em andaimes de mais de 10 metros de altura. Pigmentos importados da Itália, Alemanha e Amsterdã foram usados para recompor os tons originais. A restauração só foi possível após quase 20 anos de negociações entre a igreja, o Estado e o município, com apoio da Fundação Catarinense de Cultura e de doadores anônimos que financiaram integralmente a obra.
Além das pinturas, o projeto incluiu reforço estrutural, limpeza de fachadas, recuperação de vitrais e telhados, e restauração de detalhes ornamentais. O resultado é um interior que recupera a luminosidade e a elegância de suas origens, reafirmando o papel da Catedral como símbolo da fé, da cultura e da arte em Santa Catarina.
As imagens restauradas foram entregues oficialmente ao pároco Padre Davi Antônio Coelho e à administradora Célia Sartori, em uma celebração que marcou o reencontro entre passado e presente.
Hoje, quem entra na Catedral pode sentir o impacto dessa redescoberta – não apenas pela beleza das obras, mas pela emoção de ver a história de Florianópolis renascer sob a luz do altar.
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