A tradição do benzimento popular volta a ganhar espaço no centro de Florianópolis com a realização da penúltima edição da Roda de Bênção de 2025. A vivência, conduzida por Camila Gomes, conhecida como Camila Benzedeira, ocorre nesta quarta-feira, 23 de julho, às 17h, no Museu Histórico de Santa Catarina, localizado no Palácio Cruz e Sousa. O encontro, quarto e último da temporada, conta com tradução em Libras, promovendo acessibilidade ao público surdo.
Com entrada gratuita, o evento valoriza o ofício de benzer – reconhecido como patrimônio imaterial da capital catarinense – e promove o diálogo entre práticas tradicionais, espiritualidade, cuidado coletivo e arte contemporânea.
Camila Benzedeira é psicóloga, educadora, artista e comunicadora. Ela define a Roda de Bênção como uma experiência coletiva, intuitiva e ecumênica. “Benzer é bendizer. É cuidar do outro com amor, com presença e com escuta. É acolher o invisível com fé e afeto”, explica Camila. A proposta une saberes tradicionais da natureza local com conhecimentos acadêmicos, oferecendo ao público um ritual que inclui limpeza energética com ervas, cânticos, partilhas emocionais e momentos de escuta e acolhimento.
Com duração aproximada de 60 minutos, a vivência também proporciona aos participantes o aprendizado da prática do benzimento, fortalecendo os laços com a herança cultural brasileira. A roda ocorre em formato mais intimista, com grupos de até 40 pessoas, buscando proporcionar uma experiência sensorial profunda e acolhedora.
A iniciativa é realizada pelo Governo do Estado de Santa Catarina, por meio da Fundação Catarinense de Cultura, com recursos do Governo Federal e da Política Nacional Aldir Blanc. A produção é assinada por Camila Gomes, em parceria com a MAF Economia Criativa, e conta com apoio do Museu Histórico de Santa Catarina.
Serviço
O quê: Roda de Bênção com Camila Benzedeira
Quando: 23 de julho, às 17h
Onde: Museu Histórico de Santa Catarina – Palácio Cruz e Sousa
(Praça XV de Novembro, 227 – Centro, Florianópolis/SC)
Entrada: Gratuita
Acessibilidade: Tradução em Libras

A tradição das benzedeiras da Ilha
As benzedeiras da Ilha de Santa Catarina são mulheres de fé, rezadeiras enraizadas nas comunidades tradicionais que mantêm viva uma prática ancestral de cuidado espiritual. Seu dom, atribuído à providência divina, é oferecido de forma generosa e gratuita àqueles que as procuram em busca de alívio, proteção e cura para diversos males físicos e espirituais.
A tradição do benzimento é majoritariamente feminina e se perpetua por meio da oralidade, com rezas transmitidas de geração em geração. Embora em menor número, há também homens que se dedicam à benzedura com igual devoção e respeito à prática.
Benzer é, essencialmente, um ato de fé — uma forma de “bendizer”, de invocar o bem. O ritual pode ser realizado sobre pessoas, animais e até objetos pessoais, sempre com o intuito de restaurar o equilíbrio e a saúde. Para isso, além da espiritualidade, algumas benzedeiras recorrem a elementos simbólicos e naturais, como ramos de malva, arruda ou alecrim, e objetos como crucifixos, terços, linhas ou agulhas, conforme o universo de crenças de cada uma.
Os males tratados são diversos — desde o popular “quebranto” até casos de “arca caída”, “cobreiro” e outros desequilíbrios reconhecidos nas tradições populares. As orações também variam conforme a linhagem espiritual e a experiência de cada benzedeira, o que torna cada prática única.
Dentro das comunidades, essas mulheres são figuras de grande respeito e reverência, não apenas por sua atuação espiritual, mas também por representarem um elo entre o saber ancestral e os modos de cuidado comunitário. O lema que guia sua missão é simples, mas profundo:
“Eu te benzo, e Deus te cura.”