Igrejas que contam a história de Florianópolis

A cidade preserva igrejas que refletem a fé, a colonização portuguesa e a tradição açoriana na Ilha e são atrações para conhecer de perto.

Além da imponente Catedral Metropolitana, Florianópolis guarda um precioso acervo de igrejas históricas que revelam traços da colonização portuguesa e, em especial, a forte influência da cultura açoriana. Estas construções, espalhadas por diferentes regiões da cidade, são testemunhos vivos da fé, da arte e da resistência de comunidades que ajudaram a moldar a identidade da capital catarinense. Conheça algumas dessas igrejas que, mais do que templos religiosos, são marcos culturais e arquitetônicos da cidade.

Conheça as igrejas históricas de Florianópolis

Igreja do Rosário

A Igreja de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito dos Homens Pretos possui grande valor simbólico, não apenas por ser a segunda mais antiga de Florianópolis. Erguida entre 1787 e 1830, enfrentou diversas dificuldades financeiras, tendo na comunidade de escravos libertos e seus descendentes a principal força de trabalho para sua construção. Situada no alto da Rua Trajano, no Centro, destaca-se como um ato de resistência.

Foi da escadaria desta igreja que o célebre pintor Victor Meirelles pintou, no século XIX, a obra “A Vista do Desterro”, retratando uma vista panorâmica da cidade até a Baía Sul. A Irmandade de Nossa Senhora do Rosário surgiu da necessidade de representatividade e apoio às famílias negras e aos escravizados recém-libertos, excluídos das igrejas frequentadas pelos “homens brancos”.

Inicialmente construída como uma singela capela, a igreja seguiu os estilos barroco e neoclássico, comuns nas edificações portuguesas da época. Atualmente, cercada por prédios comerciais e o movimento do Centro, parece estar integrada ao cotidiano urbano. No entanto, sua localização original foi intencionalmente afastada dos espaços frequentados pelas elites brancas. Por isso, sempre foi espaço de acolhimento para a população afrodescendente e famílias humildes da região.

Igreja do Ribeirão da Ilha

A Igreja Nossa Senhora da Lapa integra o conjunto arquitetônico açoriano da tradicional freguesia do Ribeirão da Ilha, no sul da cidade. Iniciada em 1763, a construção só foi finalizada em 1806. A estrutura atual, no entanto, data de 1845, após uma doação do imperador Dom Pedro II, durante sua visita a Nossa Senhora do Desterro.

Passou recentemente por um processo de restauração, preservando sua arquitetura colonial barroca e as tradicionais cores amarela e branca. Com duas torres e sinos, o interior abriga pinturas sacras, entre elas representações da Sagrada Família e do calvário de Cristo.

Desde 1985, a igreja e seu entorno são considerados Área de Preservação Cultural do município. Ela se destaca no cenário do casario histórico da rua principal do bairro.

igrejas históricas
Igreja do Ribeirão da Ilha. Caio Vilela / Divulgação MTur

Igreja de Santo Antônio de Lisboa

Construída entre 1750 e 1756, a Igreja de Nossa Senhora das Necessidades é uma das mais antigas e simbólicas de Florianópolis. Reconhecida como Patrimônio Material municipal e estadual, integra o conjunto de construções religiosas de influência portuguesa e açoriana do litoral catarinense.

Localizada em Santo Antônio de Lisboa, uma das regiões mais antigas da cidade, recebeu em 1845 a visita do imperador Dom Pedro II e da imperatriz Thereza Cristina. Sua arquitetura segue o padrão das primeiras igrejas brasileiras: fachada simples, nas cores branca e amarela, com elementos barrocos e rococós.

Seu interior impressiona com altares barrocos, entalhes, esculturas e pinturas sacras de grande valor artístico e histórico, tornando-a um destino imperdível.

Igreja de Santo Antônio de Lisboa. Foto: Allan Carvalho / Divulgação PMF

Igreja de São Francisco

Localizada na esquina entre o Calçadão da Rua Felipe Schmidt e a Rua Deodoro, a Igreja da Ordem Terceira de São Francisco da Penitência é um dos mais tradicionais espaços de fé e visitação no Centro da cidade. Embora a ordem seja a mais antiga da Ilha de Santa Catarina, a igreja levou 112 anos para ser concluída, sendo inaugurada apenas em 1915.

Sua arquitetura mistura elementos barrocos e neoclássicos, e o interior exibe belas pinturas, esculturas e afrescos. Em 2012, passou por ampla restauração, com atenção especial ao mobiliário, altares e cerca de 50 imagens sacras. É reconhecida como Patrimônio Material estadual e municipal.

Igrejinha da Lagoa

No topo do Morro da Lagoa da Conceição está a charmosa Igreja de Nossa Senhora da Conceição, com quase 250 anos de história. Elevada a santuário na década de 1990, integra o grupo das cinco igrejas com arquitetura portuguesa tombadas como patrimônio do município.

Iniciada em 1750 e finalizada em 1780, foi visitada por Dom Pedro II no século XIX, que presenteou a igreja com dois sinos ainda em uso. Seu interior preserva talhas, esculturas e obras sacras que refletem a fé e a tradição dos colonizadores portugueses e açorianos. A construção usou materiais como pedra, alvenaria e argamassa com óleo de baleia, técnica comum à época.

Igrejinha da Lagoa. Foto: Arquivo Pessoal

 

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Foto: Caio Vilela / Divulgação MTur
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