Floripa e o turismo do futuro: bem-estar e propósito em primeiro lugar
O relatório “The Whycation – Hilton Global Trends 2026” destaca o avanço do turismo voltado à calma, autenticidade e experiências significativas.
O futuro das viagens já tem direção definida e Florianópolis parece estar um passo à frente. O relatório The Whycation – Hilton Global Trends 2026, divulgado pela Hilton Worldwide, mostra que o novo viajante busca menos consumo e mais conexão. A pesquisa, conduzida com mais de 14 mil pessoas em 14 países, aponta que o turismo do futuro será guiado por propósito, bem-estar e autenticidade. Em vez de acumular destinos, o turista quer experiências que façam sentido, que tragam pausa, natureza e reconexão pessoal.
A Hilton define essa virada de comportamento com o conceito de whycation – viagens motivadas pelo “porquê” e não apenas pelo “para onde”. Os dados reforçam a mudança: 48% dos viajantes afirmam que desejam reservar dias extras de viagem apenas para ficar sozinhos e descansar, enquanto 74% dizem valorizar marcas e destinos em que confiam.
O relatório também mostra que quase 80% consideram importante encontrar conforto em refeições ou pratos familiares durante as viagens, e 48% afirmam que gostam de cozinhar mesmo fora de casa — sinais de um turismo que prioriza o cotidiano, o bem-estar e a sensação de lar.
Outra tendência em ascensão é a hushpitality – a “hospitalidade do silêncio” -, que valoriza o descanso, a hospitalidade acolhedora e os ambientes de natureza preservada. A sustentabilidade também se consolida como prioridade: o turista do futuro quer deixar um impacto positivo, contribuindo para a conservação ambiental e o fortalecimento das comunidades locais.
Essas tendências, que apontam para um turismo mais humano e regenerativo, já ecoa em Florianópolis. A capital catarinense combina o ritmo de uma cidade criativa com o equilíbrio de suas belezas naturais, onde o descanso e o propósito se entrelaçam de forma orgânica. Praias isoladas, trilhas em meio à mata, comunidades tradicionais e gastronomia local compõem o retrato de uma ilha que vive o que o mundo começa a redescobrir: o valor do tempo desacelerado.
E como Florianópolis se conecta com essas tendências?
Hushpitality: silêncio e natureza como luxo moderno
A busca global por calma e introspecção tem tradução direta em praias como Lagoinha do Leste, Saquinho e Naufragados. Nelas, o acesso exige trilhas e o prêmio é o isolamento com paisagens intocadas, ruído natural e ausência de pressa. São lugares que representam o que o relatório chama de “luxo emocional”: a sensação de pertencimento e reconexão em vez do acúmulo de estímulos.
Lagoinha do Leste. Foto: DepositPhotos
Turismo de propósito: experiências que transformam
Em bairros como Santo Antônio de Lisboa, a combinação de retiros de meditação, ateliês de arte e gastronomia de base local cria experiências com sentido. Na Lagoa da Conceição, aulas de ioga ao ar livre e passeios de caiaque unem corpo, mente e natureza. Trilhas ecológicas, como a do Morro da Coroa e a da Costa da Lagoa, oferecem jornadas que equilibram desafio físico e contemplação.
Trilha da Costa da Lagoa. Foto: Andy Puerari / Divulgação PMF
Sustentabilidade e pertencimento: viagem com impacto positivo
O relatório da Hilton mostra que o viajante moderno quer contribuir para o bem-estar do destino. Florianópolis tem avançado nesse sentido, com políticas de conservação e certificações internacionais. A Lagoa do Peri, que recebeu o selo Bandeira Azul, é um exemplo de turismo de baixo impacto, onde é possível nadar em águas limpas e caminhar por trilhas em meio à mata nativa. Áreas como o Campechee o Parque Estadual do Rio Vermelho também integram esforços de preservação, unindo lazer e responsabilidade ambiental.
Lagoa do Peri. Foto: Divulgação PMF
Autenticidade e conexão humana: o valor do encontro
A autenticidade é outro ponto forte de Floripa. O visitante encontra na cultura açoriana – expressa no Boi de Mamão, nas rendeiras de Bilro, na pesca artesanal e na culinária a base de frutos do mar – uma experiência que vai além do visual. É a imersão em um modo de vida. Essa dimensão afetiva, descrita no relatório como essencial à viagem do futuro, transforma o turista em parte da comunidade, ainda que por alguns dias.
Boi de Mamão. Foto: Andy Puerari / Divulgação PMF
Workcation: trabalho e lazer no mesmo lugar
O whycation também se conecta ao conceito de workcation, tendência que une produtividade e qualidade de vida. Florianópolis é hoje um dos principais polos de nômades digitais no Brasil, com infraestrutura de internet, coworkings e natureza ao redor. Para quem busca o “escritório dos sonhos”, a cidade entrega equilíbrio entre rotina e paisagem, uma combinação que dialoga diretamente com a campanha da Embratur, que posiciona o país como destino de turismo regenerativo e criativo.
Foto: Banco de imagem
O relatório The Whycation – Hilton Global Trends 2026 mostra que o luxo do futuro é o tempo, o tempo de respirar, sentir, pertencer. Florianópolis, com sua mistura de natureza, cultura e inovação, antecipa essa tendência. É um lugar onde o viajante não precisa escolher entre o urbano e o natural, entre o descanso e o trabalho, entre a experiência e o propósito. A cidade traduz, na prática, o que o turismo global ainda está aprendendo: que viajar pode ser, antes de tudo, uma forma de se reconectar consigo mesmo.